O combate à violência de gênero é uma causa nobre e urgente. No entanto, as acusações feitas pela vereadora Comandante Nádia (PP), após nosso debate político ocorrido durante a CPI da Equatorial na quinta-feira (7/3), estão desviando a atenção e deslegitimando casos reais de violência. Tal atitude compromete a verdadeira luta contra este tema. E digo isto após ter buscado assistência jurídica e política com notáveis defensoras da causa do feminismo. Uma causa que a Comandante Nádia inclusive nunca defendeu, basta ver sua posição a favor da liberação das armas, o instrumento mais utilizado nos assassinatos de mulheres por todo o Brasil.
No episódio em questão, a vereadora Comandante Nádia e eu estávamos debatendo politicamente a respeito de um requerimento que propunha trazer para a CPI a investigação sobre as mortes dos trabalhadores da Equatorial em serviço. Um assunto gravíssimo e que merece a atenção de todos nós. Após a rejeição de tal requerimento um debate político e ideológico se estabeleceu no Plenário, justamente o espaço para estes tipos de debates. E em momento algum eu ofendi a vereadora publicamente utilizando o microfone ou púlpito do plenário, disponível para as manifestações dos vereadores durante a CPI.
Me exaltei no momento em que a Comandante Nádia levanta da mesa em que fazia a relatoria da CPI e se dirige a mim incitando que eu gritasse com a minha esposa ou com qualquer outra mulher "Tu grita com a tua mulher. Tu grita com a mulher que tu quiser, comigo não", foram as exatas palavras dela. Esta fala da vereadora exemplifica seu verdadeiro ideal. Segundo suas próprias palavras, a gritaria com outras mulheres estaria liberada. Só com ela não. Isso é defender a causa feminista? A partir deste momento em que ela cita minha esposa, a Comandante pessoaliza um debate que até então era unicamente político. Ela, como parlamentar, também tem responsabilidades sobre o que fala e neste momento incentiva a violência de gênero.
Não bastasse se referir à minha esposa, atingindo minha vida pessoal, me levando à indignação por estar misturando vida pública e privada, a parlamentar me segue no momento em que deixo o plenário e me provoca para seguir uma discussão que já havia ultrapassado a seara política e a qual eu não pretendia continuar.
Até a data de hoje (13/3), havia me manifestado publicamente reconhecendo minha exaltação, o que a vereadora não fez em nenhum momento. Afinal, ela ofendeu a minha esposa e me chamou de “sem vergonha”. Hoje, no entanto, a partir das ameaças que recebi através das redes sociais da vereadora, que inclusive tem apoiado tais manifestações que fomentam o ódio contra a minha pessoa curtindo estes comentários, a discussão política passou a ser minada pelo ódio. Por isso resolvi fazer um Boletim de Ocorrência alertando as autoridades de segurança quanto ao tema e entrei na Comissão de Ética da Câmara de Vereadores com o pedido de investigação do ocorrido e da Comandante, que vem incitando o ódio e minando negativamente a pauta da violência de gênero com uma acusação irresponsável que desencoraja as vítimas reais de buscar ajuda.