O pedido de censura feito pela diretora de uma escola de Santa Cruz do Sul ao livro “O Avesso da Pele”, de Jeferson Tenório, com apoio da Coordenadoria Regional de Educação, seguem a lógica que regimes autoritários tentam se disfarçar com um “verniz” democrático. O papel da educação não é apenas ensinar matemática, português ou geografia. É também ampliar os horizontes das crianças e adolescentes sobre uma sociedade mais igualitária.
Para isso, é essencial que se discuta, desde cedo, temas como o racismo, o preconceito e a homofobia. E o que aconteceu em Santa Cruz do Sul, está na contramão da necessidade de ofertar conhecimentos às crianças e jovens para que os caminhos da cidadania se abram.
Assim como o autor, a editora, o MEC e o governo federal expressaram repúdio à atitude da diretora da escola, repudio esta e qualquer outra tentativa de censura, seja ela onde for. Fico aliviado que a Secretaria Estadual de Educação não tenha embarcado na sanha da censura.
Dias atrás já tínhamos tido na Serra gaúcha a perseguição à indicação de Boca Migotto para patrono da Feira do Livro de Carlos Barbosa. Há alguns anos, vivenciamos a censura à exposição do Santander Cultural. E mais, o racismo e a escravidão contemporânea que com frequência aparecem nas páginas dos jornais e são históricos, nos fazem ficar em constante alerta.
Repudio qualquer ato racista, preconceituoso, homofóbico ou machista. Por isso peço que, aqueles que prezam pelas artes, a literatura, a cultura e compreendem a conexão delas com a cidadania, estejamos sempre prontos para gritar, seja onde for, Censura Nunca Mais.
Adeli Sell, é professor, escritor, bacharel em Direito e vereador do PT da capital.