Judiciário operando essencialmente de modo remoto; prazos suspensos; alguns tentam buscar alternativas, com a implementação das audiências virtuais; todos tentando uma remodelação para garantir o acesso à jurisdição. Este é o quadro.
Já vivíamos antes disto um admirável mundo novo que nem Huxley imaginara na ficção. Encaro a velha Olivetti que teima em ficar ali na estante, só faltam o papel, o corretor e as caixas de papel carbono. Penso nestas tecnologias”on line” e “na nuvem”, comparo com os tempos das malas com rodinhas e carrinhos de puxar. Era tudo no braço e na força
Tento, agora, vislumbrar salas de atendimento para advogados, a substituição das Olivetti, por modernas maquinas 286. Muitos desistiram. Outros tentaram a modernidade e conseguiram. E, agora, além da tecnologia presente no “direito digital”, como ficarão as configurações dos escritórios?
Mais trabalho de casa e de forma remota para o operador jurídico individual.. Cafés com seus burburinhos, agora com mais “brocardos jurídicos”, pois mais advogados vão utilizar-se destes espaços para exercer seu oficio. Será¿ Certamente! Mais escritórios partilhados com operações individualizadas: cada qual na sua. Muitos trabalhadores estarão em suas casas, talvez em municípios distintos, trabalhando sob uma coordenação não mais de um escritório, em andar de um prédio, ou em uma suntuosa casa, mas da sala da sua biblioteca de sua casa. A mobilidade para o setor vai mudar. Talvez até a van da OAB seja obsoleta. Haverá mais escritórios menores e mais especializados com outros pequenos consorciados, atendendo áreas distintas, com maior refinamento jurídico. Não há nada que proíba este modelo. Do contrário, vê-se benefício aos clientes.
Mas como anda este debate nas representações de classe, do Ministério Público e do Judiciário, diante deste novo cenário tecnológico?
Direito - já vimos - não se cria. É fruto da sociedade e é criado conforme a mutação da sociedade.
As mudanças para o trabalho no Direito devem ser objetivas e devem seguir com a realidade dos seus operadores, alertados para esta nova era tecnológica que se apresenta.
Nada será como antes amanhã.
Rosângela Benetti Almeida é advogada
