A data é 17 de março de 2020 e a manchete dos principais jornais é: “Brasil registra a primeira morte por Covid-19”. Naquele dia, registrávamos em torno de 290 casos e um tínhamos um ministro da saúde (Mandetta) que não era “fina flor”, mas que diariamente repassava informações sobre a velocidade de contágio e pasmem, orientações sanitárias. Se ele era bom ou não, não deu tempo de saber, pois o negacionismo presidencial e as manobras discursivas afastaram alguém que ainda parecia pensar racionalmente.
Nesta semana passamos das 350 mil vidas perdidas, as manchetes seguem reforçando o negacionismo de Bolsonaro, que se ofende ao ser chamado de genocida. Mas, ao presidente tratar o vírus com deboche a única palavra que vem à cabeça é genocídio. Lembram quando ele disse que o Brasil é um país de “maricas”, que usar máscara é coisa de “viadinho”, quando ele promoveu aglomerações inúteis? Isso pareceu juízo moral sobre as pessoas, julgando que os fracos devem morrer mesmo, ao mesmo tempo em que ele se isenta de responsabilidades e naturaliza a pandemia.
Ficamos meses sem Ministério da Saúde atuante, depois foram constantes trocas de ministro, na sequencia Bolsonaro atochou remédios ineficientes na população e por fim, desdenhou a vacina, fazendo piadas sobre ela. Disse que viraríamos jacaré, que os homens depois da vacina passariam a falar fino, entre outras bobagens. São estes alguns atos de irresponsabilidade com a vida humada e que no meu dicionário chamam-se genocídio.
É preciso ter claro que a economia é imensamente importante, os empregos, a volta às aulas e todas as outras atividades interrompidas ou prejudicadas pela pandemia, mas será a vacina e, neste momento o isolamento social, os responsáveis por devolverem segurança às pessoas, por conter o vírus e oportunizar que rotinas voltem ao normal. Se tivermos que ir para carreatas que seja para pedir vacina e respeito com a vida das pessoas. Já passamos mais de 380 dias ouvindo pensamentos irracionais, teorias da conspiração e discursos contra a ciência que nos trouxeram até a triste marca de mais de 350 mil mortes. Chega de genocídio.
Andréa Sommer,
jornalista, especialista em Gestão de Pessoas.