Disse outras vezes, e reitero, que o neoliberalismo é uma espécie de nazismo travestido de capitalismo.
Em ambos os regimes as pessoas eram vistas como coisas, não como pessoas.
Apenas números numa planilha.
A Argentina disse um rotundo NÃO à essa abominação.
O povo não aguenta mais essa patifaria, a falácia da "luta contra a corrupção" misturada com austeridade, onde na verdade não se combate corrupção coisa nenhuma, porque a corrupção faz parte do capitalismo, e é dele um subproduto, e o Estado neoliberal aniquila a vida das pessoas, deixando de exercer a função que justifica sua existência.
Ora, a razão de ser do Estado é promover o bem estar da população, e não gerar lucros. Portanto essa dinâmica apregoada de "Estado enxuto", de economia de recursos, todo esse blá blá blá serve a quem? De que adianta o Estado economizar X dinheiros e o povo morrer de fome, sem Saúde, sem Educação?
Essa pataquada de "empreendedorismo", de "meritocracia" e de Estado mínimo é uma tremenda de uma farsa, e o principal sustentáculo do discurso neoliberal.
Não funciona, querido leitor.
Nunca funcionou em nenhum lugar
A Argentina foi arrasada por esse ideário, assim como o Chile, assim como o Brasil nos anos 90 e mais recentemente nas patas da quadrilha desse ser que está presidente.
O povo argentino retomará as rédeas de seu destino?
É difícil afirmar que terá êxito nessa empreitada, porque o Governo Fernandez/Kirchner recebeu das patas sujas de sangue de Maurício Macri uma nação arrasada.
Uma verdadeira herança maldita. Um em cada três argentinos estava desempregado. Uma verdadeira tragédia. Mas o fato concreto é que o povo argentino, diferentemente do brasileiro, decidiu qual caminho deveria seguir balizado pelo bom senso, e não pelo ódio, como aqui.
Assim como fez também o povo boliviano, que se recuperou de um golpe violento, que depôs por ameaça de armas e violência Evo Morales, presidente democraticamente eleito.
Assim como fez o Chile, que saiu às ruas para sepultar uma Constituição que era uma verdadeira sentença de morte contra o povo pobre.
Creio que chegará nossa hora, também. A estupidez do gesto de arminha com a mãozinha, a insanidade da violência gratuita, a imbecilidade da guerra contra tudo e todos, a demência travestida de fé religiosa e a canalhice travestida de patriotismo, tudo isso cairá por terra, antes cedo do que tarde.
O resultado das urnas na Argentina apontou para essa direção.
O resultado das urnas na Bolívia, e o resultado do plebiscito no Chile, também.
Creio que o fim do neoliberalismo na América Latina é questão de tempo.
Um novo sol e um novo tempo começam a se desenhar no horizonte.
A América Latina começa a desenhar um novo quadro, expressando a necessidade e sobretudo a vontade de transpor abismos, com sacrifício, mas construindo pontes.
Não praticando contra seu povo um genocídio, mas operando Justiça. Sem milagres, sem messianismos. Eis que se desenha no horizonte o ocaso do nazismo travestido de capitalismo.
Eis que se desenha no horizonte a esperança de dias melhores para o povo da América Latina das veias abertas, como aprendi ainda criança lendo Eduardo Galeano.
América Latina, pátria grande!
Que os ventos que varrerão o neoliberalismo de suas terras sopre cá no Brasil, pujante.
Diógenes Júnior é escritor, técnico em Informática e acadêmico em História. Paulistano de nascimento, caiçara de coração e porto alegrense por opção, escreve para essa coluna semanalmente.