COLUNISTAS


Um novo modo de agir do capital

Há tempos estudiosos apontavam para criação de mecanismos corporativos capazes de colaborar para a evolução das relações capital-trabalho. Neste momento vivemos a era digital, não mais a simples era da tecnologia, um passo além dela. O processo é tão acelerado que o velho capitalismo teve que se reposicionar neste cenário. Será que ainda há espaço para o capitalismo tradicional? Cremos que não. Estamos evoluindo para uma nova era do capitalismo ou no mínimo uma parte dele mudou e está mudando. Setores variados entenderam que é necessário ter capital e ação de inclusão com métodos colaborativos e postura de empatia para construir valores e objetivos em comum. Empresas, trabalhadores, sociedade devem estar alinhadas no mesmo diapasão: o bem comum. A partir desta consciência social, de um novo estágio civilizatório colaborativo é que se pode amadurecer, superando conflitos sociais; e evoluções nas relações brotarem e se concretizarem. Exemplo de alguns gigantes, como Natura, O Boticário, Unilever, entre outras, já fizeram sua imersão nesta nova realidade, de um “capitalismo consciente”, agregador de valores, a fim de manter o negócio com vida financeira em crescimento, sem dilapidar a Natureza ou a mão de obra do seu negócio. Estamos vivendo de um lado um mundo destrutivo, mas um outro pode estar a surgir. Este mundo digital, de acesso ilimitado à informação e de iniciativas centradas na sustentabilidade podem criar um homem novo. O consumismo está se transformando, enterrando velhos hábitos que a pandemia desvendou como nocivos. E a velocidade nas relações econômicas não poderia tardar. Não mais se admite que uma empresa seja líder de mercado e, concomitantemente, faça uso de mão de obra escrava moderna, destrua o meio-ambiente ou despreze a opinião de seus consumidores. A era do Maior come o Menor está no fim. Haverá esta nova “era” do capitalismo moderno, consciente e comprometido com o bem-estar coletivo. Mas de que forma os gestores devem efetivar esses valores da nova “era”? Através da implementação de programas, projetos e ações os quais reflitam na vida de todos afetados pela gestão, colocando em prática seus valores éticos, seus códigos de conduta. Inúmeros são os cases de sucesso de empresas socialmente responsáveis. Isso se deve ao fato de poderem contar com o apoio da comunidade local, com a preferência dos consumidores e dos investidores, bem como por não acumularem passivos trabalhistas, ambientais e legais. Ainda, são mais bem-sucedidas, mais resilientes, pois conseguem se adaptar nos momentos de crise. Assim, mais do que nunca a responsabilidade social empresarial deve estar na pauta dos negócios. O alinhamento de seus valores, de missão, pessoal e estrutural, a garantia de ambientes seguros e colaboradores bem informados será a nova trilha, que trará novos investidores com consciência social, potencializando assim as riquezas e garantindo a verdadeira transformação nas relações.

 

Rosângela Benetti Almeida, Advogada, pós graduanda em Direito Digital. 

Camila Pinheiro Bergenthal, Advogada, mestra em Direito