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Diógenes Júnior - Porto Alegre ou Bangladesh?

Quem transita por qualquer rua de Porto Alegre já pode se sentir em Bangladesh, ou em outra cidade da´Índia, ou das Filipinas.

Essa sensação o munícipe porto alegrense já tinha, transitando pelas ruas da Restinga, ou da Lomba do Pinheiro, por exemplo, dado o descaso com o qual o prefeito Nelson Marchezan (PSDB/RS) trata as regiões mais remotas e carentes de nossa cidade.

Mas a última novidade é que a experiência de sentir-se andando pelas ruas de Bangladesh também se fará presente nas elegantes ruas de um dos bairros nobres da cidade, o Moinhos de Vento.

Entrou em operação no último sábado (11) uma plataforma digital que ficará responsável pelo oferta de triciclos elétricos, chamados de "Grilo".

O tal "Grilo" nada mais é do que uma espécie de riquixá, aquela carroça de duas rodas que vemos nos filmes asiáticos, uma caricatura de veículo que leva uma ou duas pessoas, e é puxada por outra.  

Só que a versão desse riquixá, que circulará pelas ruas do Moinhos de Vento e adjacências, tem três rodas, é semelhante ao "Tuk Tuk" que circula nas cidades da Ásia.

O tal "Grilo" é tracionado por um motor elétrico, alimentado por bateria de lítio, semelhante às utilizadas nos telefones celulares e notebooks.

Num momento de pandemia a absoluta crise, era de se esperar mais seriedade do chefe do Poder Público Municipal no trato com uma área tão sensível, como é a questão do Transporte Público em nossa cidade.

Mas piadas de mal gosto são uma rotina na péssima gestão desta Prefeitura.

Quem não se lembra da brilhante ideia do prefeito, a ideia de instalar nas paradas de ônibus tomadas para carregar celular?

Tristemente célebre por desperdiçar dinheiro público, como por exemplo os R$ 35 milhões que a prefeitura de Porto Alegre gastou em publicidade nas capas dos jornais Folha, Valor e Estadão, desta vez a piada pronta é trazer para Porto Alegre um veículo de nome "Grilo", que na Ásia se chama "tuk tuk".

Segundo a página na internet da empresa responsável pelo "Grilo", o veículo atinge a fantástica velocidade de 50 quilômetros por hora, e pode vencer qualquer lomba, por mais íngreme que seja.

Caro leitor, eu fico aqui pensando um "Grilo" desses tentando vencer as Leis da Física, numa subida ou numa descida, fazendo uma curva acentuada, sem capotar.

Ou mesmo o pitoresco veículo sendo empurrado quando sua bateria acabar.

Segundo a empresa do Grilo", a bateria do triciclo é alimentada em um sistema de abastecimento lento, que demora de  quatro a oito horas para carregar totalmente.

Totalmente carregada, a bateria pode tracionar o veículo por cerca de 150 quilômetros sem nova carga.

Detalhe: se for preciso mais bateria do que essa autonomia em um dia, o triciclo deverá estacionar em uma  garagem na Voluntários da Pátria, onde o veículo deverá ser conectado para recarga.  

Duas pergunta sobre as baterias de lítio: qual é a sua vida útil?
Quando encerrada sua vida útil, onde serão descartadas essas baterias?
Trata-se de material altamente prejudicial ao Meio Ambiente quando não descartadas adequadamente.  

Uma outra coisa que chama a atenção no, além da pitoresca aparência do "Grilo", pintado nas cores branco e verde berrante, é a ausência de um importante item de segurança, aliás obrigatório em todos os carros que circulam pelas ruas brasileiras: o air bag.

Em caso de acidente o air bag e o cinto de segurança salvam vidas.  

Portanto caro leitor, não se surpreenda se amanhã, ao andar pelas ruas do Moinhos de Vento, sentir-se como que caminhando pelas ruas de Bangladesh, ou pelas ruas da capital das Filipinas, Manila.

Se depender do dignitário do Poder Público Municipal, a próxima iniciativa da Prefeitura de Porto Alegre poderá ser transformar o Arroio Dilúvio numa réplica do Rio Ganges.
Ou do Rio Tietê. 

Diógenes Júnior é escritor, técnico em Informática e acadêmico em História. Paulistano de nascimento, caiçara de coração e porto alegrense por opção, escreve para essa coluna semanalmente.   

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