Vulgarizar a linguagem é uma afronta ao processo civilizatório. A moda de falar se tornou vulgar e virou coisa chique. O pior virou mais. Ser grosseiro e rebaixado virou linha política. Atacar e inventar inimigos é a marca daqueles que se tornaram ditadores e políticos detestáveis como Lacerda.
"Canalhas" é o termo que mais vejo nas redes sociais e comportamento de pessoas falando de outras pelas costas.
Não presta, é reles, é ordinário, inspira desprezo, não tem dignidade, pessoa desagradável e repugnante é um rol de "coisas" para a palavra "canalhas”.
Pois, então, a que vem isso?
Mesmo o adversário sendo canalha, não seria mais correto debater o conteúdo da canalhice? Como vamos fazer a humanidade evoluir sem tolerância mútua e o mínimo de reserva institucional, com respeito a normas e princípios?
Entrementes na esquerda virou a palavrinha da vez: todos são canalhas, menos eu.
A resenha que fiz do livro "Por que as democracias morrem" é uma colaboração para enfrentar o tema do autoritarismo e do totalitarismo da sociedade, mas também dos partidos.
Razão também porque advogo pela Comunicação Não Violenta, pela mediação para alcançar a Justiça, o diálogo para resguardarmos a democracia.
Por fim, lembro-me do nosso herói sem caráter, Macunaíma, que era sarcástico e divertido, porém, nossos ‘Macunaímas’ atuais são caricatos, melodramáticos.
Mesmo sem esperança, apesar dos pesares, não deixe de lutar por um ser humano que respeita o Outro pelo fato de somos seres humanos.
Adeli Sell é vereador do PT