(Reflexões sobre “Poesia de Domingo”)
Um amigo me passou o livro de um sobrinho: Afonso Antunes é o autor jovem. Lançou seu “Poesia de Domingo” aos 20 anos, em 2012.
Para mim, é poesia do dia a dia, retratando a vivência filosófico-existencial do Eu e do Outro. Seu professor Paulo Seben faz breve prefácio para apontar que no tímido jovem pode dominar o mundo (da poesia).
Faz questão de expor dúvidas existenciais, e isso é quase perfeito neste mundo de jovens ególatras e “senhores do saber e do mundo”; ele, ao contrário, de sua geração de leitura precária no Facebook e Whatsapp, não só faz referência as suas leituras de poetas, mas sabe usar com destreza seus mestres.
Sabe que é um principiante e que deve se esmerar:
“Não quero soar intelectual, E muito menos coerente: é só o princípio”
É bom vê-lo na sua honestidade juvenil, no direito de não ter as certezas que os soberbos têm, olhe para o poema Sem rabiscos:
“A página em branco me olhou curiosa e eu não tive respostas. ”
Muitos de seus versos ele usa o “Se”, e isto além de uma técnica no jeito de rabiscar poemas, é um reforço ao pensamento dialético, como um pensar existencial, em que não tema esconder suas dúvidas.
Sinalizo que o “domingo” é um mote para falar da vida como um todo, senão vejamos neste trecho:
“É por isso, minha querida, Que eu desconfio que o amor
Seja menor do que a vida. ”
Mostra seu compromisso com a vida, com o mundo que é maior que a gente, que o amor, que tudo; bem como seu compromisso com o Outro, expresso no poema “Um título e uma criança morre de fome na África”.
Torço para ter um breve mais um livro do Afonso Antunes, porque este tipo tímido é cativante no que escreve, pensa e faz.
Adeli Sell é formado em Letras