Adeli Sell*
Todos os agrupamentos políticos que se prezavam no passado, fosse evento eleitoral ou não, organizavam debates para fazer o balanço dos resultados e traçar perspectivas futuras.
Os atuais dirigentes do PT - em todas as esferas - fogem do dever de casa como o diabo teme a cruz.
Poucos estão dispostos a reconhecerem que a máquina burocrática impede a fala com os filiados e militantes, que a direção não faz debates, não faz formação, não orienta.
Os parlamentares não reconhecem que há tempos capturaram as direções, jogam com seus cargos de confiança, com emendas parlamentares, para dominar a máquina partidária, não tem como foco a sociedade. Isto começa a ser passado no PT.
Quem vai reconhecer, finalmente, que o Fundo Eleitoral foi destinado para os amigos do rei ou da rainha? Que foram beneficiados candidatos que gastaram uma fortuna para ter resultados pífios? Tem um grupo político eleitoral que não elegeu nem prefeitos nem vereadores em todo o Estado. Talvez uma. Tendências tradicionais e fortes tiveram resultados pífios. Ou seja, parece mesmo que as tendências deram lugar aos mandatos.
Quando o PT vai reconhecer que é ninho de chupim para o PCdoB e para o PV? Só conseguiram eleger vereadores no Estado nas costas do PT.
Quando a nova geração vai começar a respeitar os fundadores do partido, seu quase meio século de ações? Há agrupamentos se formando em oposição sem princípio aos “velhos” do PT, como se não servissem mais. Talvez tenha também gente da velha guarda que não saiba respeitar as novas gerações. Este conflito é claro, evidente, e há idadismo de lado a lado.
Será que nossos candidatos de alguns pequenos diretórios vão ficar quietos depois de receberam 250 reais do Fundo? Duvido que fiquem!
Passadas as eleições em cada papo, em cada postagem tem algum grau de verdade, mas tem poeira nos olhos dos discordantes, tem provocações sem objetivos, tem tergiversações, para esconder as responsabilidades dos dirigentes.
Todo mundo fala mal dos processos de comunicação, mas ninguém ousa apontar ponto a ponto os erros, ficando tudo num diálogo de faz de conta, sem resultado algum.
As direções não lançaram nenhum convite para que as pessoas se filiem ao partido.
Se quisermos avançar temos que ser mais, ter mais gente engajada, filiada, militante, forjada em lutas e em debates.
Concluo que no momento não temos nem balanço nem perspectivas, algo que se conhecia como crise de direção.
Adeli Sell é professor, escritor, bacharel em Direito.