Adeli Sell*
Aqui, trato de um livro coletivo chamado "Enchente", com 35 autores/as. Todos/as irmanados/as pela escrita em prosa e verso. Juntos/as pela sensibilidade pelo Outro. Tocados/as pelo infortúnio dos descuidos e dos ataques à Natureza, frutos de pessoas inescrupulosas, descuidadas e de governos irresponsáveis.
Escritos tecidos com dor, com compaixão, com amor e solidariedade.
Acho que meu Posfácio, fazendo uma releitura texto a texto expressava o que era este livro de 101 páginas. Livro feito pela Editora Bestiário, do Prym, com uma organização primorosa de Andréia Schefer, Athos Miralha da Cunha, Malu e Maíra Baumgarten e Vera Molina. A capa é da arte do Cássio Andrade Machado. A revisão cuidadosa é da Vera Molina.
Eis uma frase do Posfácio:
"Parece que a dor, o amargo regresso, as perdas que vimos e sentimos, nos deram mais alma, jogando emoções ao vento".
Lendo cada texto com calma pude aquilatar pela expressividade de cada escrito, de cada linha, "a dor, o amargo regresso, as perdas", pude ver e sentir o pulsar dos textos e muitas vezes vi o/a autor/a na minha frente a me observar como se ditasse o texto em voz alga, para marcar e ficar gravado.
Nos versos e crônicas vi muito de nossa aldeia real, com linhas que às vezes me remetiam ao passado rio-grandense, com termos e "tiradas" de autores que no passado souberam expressar a alma de nossas gentes.
Vi e senti sair do drama de maio, das fugas e das voltas, uma réstia de luz entre as tormentas.
E, agora, não menos importante me pergunto e replico a pergunta: a quem escrevemos?
Que nossa obra chegue às escolas e às comunidades! Como? Quem sabe embarquemos num novo projeto?
A gente precisa se encontrar mais, fora de ambientes virtuais - sem desdenhá-los. E com nossa arte chegar ao povo.
A provocação está lançada.
Adeli Sell é professor, escritor e bacharel em Direito.