Adeli Sell
Dia dos Finados é tido como momento para lembrar dos mortos.
Eu quero refletir sobre as nossas perdas.
Perdas nas enchentes, em especial nestas de maio pelo Rio Grande do Sul afora.
Foram perdas de vidas e memórias.
Nada volta. É a finitude.
Tem as vidas que se vão pelas disputas do tráfico e que ceifam sonhos de inocentes.
Como não lembrar das crianças mortas com balas perdidas.
Como não lembrar dos jovens pelotenses do remo, cujas vidas foram levadas por um acidente com um carro sem freios.
Quase todas as perdas nos chocam.
Perdi um vizinho na véspera, cruzando uma rua com patinete e atropelado por uma moto. Isto é muito triste e dolorido.
Eu chamo estas perdas de "estúpidas".
Foi o ano de partida do grande lutador social, o Lorim, que veio fazendo história desde a greve da construção civil, em 1979, com a gente.
E a minha professora de pilates que nos deixou aos 31 anos. Isto é chocante.
Houve muitos outros e outras que nos deixaram. Todas as partidas doem.
Mas volto ao passado com a partida de meu pai.
Foi um vazio.
Um exemplo para eu ser o que sou.
Hoje, lembro de todos e prometo continuar as boas lutas e os bons exemplos dos que se foram.
Adeli Sell é professor, escritor e bacharel em Direito.
