ARTIGOS


Céu de cinzas

Adeli Sell

 

Ainda sob os efeitos do amargo regresso das enchentes de maio, o céu que deveria ser de brigadeiro - para esperar a primavera - tapou-se de fumaça e fuligem.

O pretume veio de longe. Veio das criminosas queimadas dos fascistas do agro. Sim, dos fascistas. Afinal, nem todos são criminosos.

O fato de plantar e produzir alimentos é uma atividade nobre.

Cruel e criminosa é a devastação, a queimada e grilagem.

Nosso governo agiu, mas não o bastante. O governo federal, os governos estaduais e os prefeitos têm obrigação de agir com mais rigor.

O presidente deveria ter convocado o Exército para ajudar no combate às queimadas.

Cabe à Polícia Federal ser mais atenta e atuante.

Cabe aos movimentos sociais e ambientais mais mobilizações de massa e de rua.

Não bastam abaixo-assinados virtuais.

Temos que derrubar de uma forma ou outra os pilares deste novo crime organizado.

Os inquéritos policiais precisam ser acelerados. Ministério Público e Justiça tem que dar prioridade a tudo o que possa envolver o crime de queimadas.

Quem vacilar neste momento está colocando mais gasolina no fogo.

Que a primavera nos traga chuvas amenas, limpe o céu da fuligem e apareça o céu azul.

 

Adeli Sell é professor, escritor, bacharel em Direito e vereador.