Adeli Sell
"Passos no Labirinto" é um livro de 2024, de Susana Vernieri. A autoria é conhecida por várias obras, premiações e participação em atividades literárias, em especial em Porto Alegre.
Publicado pela Editora Calipso, fruto do seu trabalho de conclusão de estágio pós-doutoral em Escrita Criativa da PUCRS, sob supervisão do Professor Luiz Antônio de Assis Brasil.
Fiz o que a autora pede na orelha da obra: "(...) embarque nesta viagem real e imaginária das personagens que compõem a trama".
Susana nas explicações da primeira orelha nos chama a atenção sobre a leitura de "O nome da Rosa", de Umberto Eco, ao iniciar uma viagem pela América do Sul com foco no Peru - Cusco, Machu Picchu - apesar de sua passagem de ida pelo Chile e volta pela Bolívia.
Somos alertados que a personagem se Ana, bem mais tarde, mas ela começa por se despir cedo: tem 21 anos, é virgem, ama Rocco. Vão viajar ela, Rocco e amiga Marta.
O essencial do livro são estas personagens do início da jornada, entrando em vários labirintos reais da geografia percorrida como os da vida, dos conflitos e dos desejos.
Ana quer conhecer o amor, o sexo, contanto que Rocco a ame e a queira. Este depois das investidas da personagem declara-se gay. Aí vem reflexões sobre AIDS, algo tenebroso nos anos 80. Mas tem Violeta, por quem Ana se apaixona e a deseja torrencialmente, porém esta e Rocco, que se dizia gay, tem seus amassos e muito mais. Isto leva a personagem a pensar na rejeição, no seu corpo, na sua vida, gerando um processo depressivo. Mas volta Violeta a preencher seus desejos. Nada vai acontecer.
O caminho por trilhas, verdadeiros e perigosos labirintos, para chegar a Machu Picchu, trazem muitas reflexões e cada parágrafo tem seus níveis de leitura.
Ao fim e ao cabo, Ana é feliz em noite que sonha com os cabelos revoltos de Violeta.
São 87 páginas que se percorrem com leveza, mas há sempre algo a nos puxar a parar, pensar, tirar conclusões.
Li outros livros de Susana, arriscando a dizer que é hora de uma aventura romanesca mais extensa, com mais personagens densas, permeadas por outras rasas, porque a vida é feita disso.
Adeli Sell é professor, escritor e bacharel em Direito.
