Adeli Sell
Dias atrás escrevi um pequeno texto chamado - ATAQUES AOS CATADORES, ÀS UNIDADES DE TRIAGEM, CIDADE LARGADA E COM LIXO - pois, no momento, a situação era mais do que dramática. De lá para cá, a situação piora a cada dia. Ainda há entulhos pelas calçadas, como há ruas (quase) fechadas com lixo em vários bairros atingidos pelas águas de maio.
Pior é a postura do governo municipal com os catadores, recicladores, Unidades de Triagens (Galpões).
Nossas Unidades de Triagem recebem uma irrisória parcela de ajuda mensal, que não cobre os gastos básicos do local.
Os resíduos que chegam a estes locais são uma vergonha, um desdém, pois como não há campanhas educativas, chega uma misturança, trazendo um problema com sobras, sobre as quais os recicladores não têm coordenação.
Terminou em 22 de junho o auxílio emergencial aos catadores registrados. Apesar de todos termos vivido as enchentes de maio, mais as chuvas de junho, o governo municipal se omite em prorrogar a vigência do auxílio por pelo menos mais seis meses.
A demanda foi posta oficialmente em 1° de junho, tanto ao DMLU, quanto à Secretaria de Desenvolvimento Social, gestora desses recursos. Nada é respondido.
O governo Melo e companhias da extrema-direita tentam privatizar tudo na cidade, tanto que recentemente deram de mão beijada a Vidrofix, "selecionada por meio de um edital de chamamento público", segundo os gestores locais. Enquanto a política nacional de resíduos sólidos valoriza as cooperativas de catadores e recicladores, em Porto Alegre o mundo está de ponta cabeça. Aqui, há os "donos" da capital, aqueles capitalistas selvagens que mandam no poder público.
Há no Bairro Floresta, Navegantes e Farrapos pelo menos quatro Unidades atingidas e destruídas pelas enchentes.
Há por parte do governo Melo uma afronta aos legislativos local e estadual, não se importando com os apelos de parlamentares que verbalizam as necessidades dos catadores e recicladores.
Prolongam-se prazos para catadores das ruas, mas de que adianta se tudo o que recolhem caem nas mãos dos atravessadores, maior parte agindo ilegalmente ao longo da Voluntários da Pátria. Este desdém do governo só vem a colaborar com a crueldade que sempre recai sobre os ombros do trabalhador informal, explorado em seu trabalho.
Como fiscal da coisa pública, sou obrigado a divulgar que há processos por uso ilegal da Central de Inertes de Gravataí, pois ali se misturam restos de obras, inertes, com lixo contaminado. Os processos estão em curso.
Não bastasse o lixo espalhado pela cidade, o governo cria lixões provisórios trazendo outros problemas como a proliferação de roedores, animais peçonhentos, baratas, moscas, além da fedentina insuportável.
A crueldade se generaliza aos catadores, aos moradores de rua, aos moradores atingidos pelas enchentes. Aqui, reina a crueldade e o horror.
ADELI SELL é professor, escritor, bacharel em Direito e vereador.