ARTIGOS


Hipólito José da Costa – Patrono da Imprensa

Adeli Sell

 

Brasileiro, nascido na Colônia de Sacramento (quando pertencia ao Brasil), morou em Pelotas, estudou em Coimbra, Hipólito José da Costa é o patrono da nossa imprensa, ícone da luta pela liberdade.

Fundou em 1° de junho de 1808 o Correio Brazilense, em Londres, na Inglaterra, onde servira antes o governo português, já tendo tido uma missão na Filadélfia, nos Estados Unidos, para sentir os avanços da economia na nova Nação, recém libertada, sob os ares do liberalismo.

Hipólito escreve sobre esta experiência, aderindo aos valores que criaram os EUA. Em Londres, na missão para montar a Imprensa Régia, com compra de  maquinário adequado,  buscar livros para a Biblioteca Nacional, ele aderiu de corpo e alma à Maçonaria que conhecera na Filadélfia.

Ao voltar a Portugal, é preso pela Inquisição portuguesa, uma das mais cruéis do mundo, por sua umbilical ligação com o clero mais fanático do mundo junto com o espanhol.

Passou três anos na prisão, sob torturas e penúrias, sem entregar seus companheiros das lojas maçônicas. Foge com a ajuda dos irmãos da maçonaria e vai se exilar em Londres, onde fica, funda o seu jornal, nosso primeiro jornal brasileiro, morre aos 49 anos de idade, fragilizado pelas torturas, tendo sido sepultado numa igreja em Berkshire, por graça do Duque de Hussex.

Para o patrono da nossa imprensa, o primeiro dever do homem na sociedade é ser útil aos membros dela. O Correio Braziliense, por conta da censura, era produzido, editado e vendido em Londres, na Inglaterra. Teve circulação regular mensal até dezembro de 1822, num total de 175 números. Segundo, Raul Quevedo num livreto da Secretaria da Cultura do Estado de 1997, disse que "o Correio Braziliense, a cada nova edição, era verdadeira enciclopédia de cultura, hábitos e costumes, cumprindo papel relevante para o povo subjugado".

Sua vida foi uma luta constante pela independência do país, luta pela liberdade da imprensa, pela existência digna, contra a escravidão, contra a Inquisição. Seus escritos sobre este tema são lições imprescindíveis para os dias atuais.

Lembrar da história desta figura é resgatar não só a memória de uma vida, uma personalidade, de um tempo, mas o resgate de um pensamento para se contrapor às "fake news".

Que o dia 1º de junho seja uma marca em nosso calendário pela LIBERDADE DE IMPRENSA.

 

ADELI SELL é professor, escritor, bacharel em Direito e vereador do PT em Porto Alegre.