Em tempos que a gente tem vontade de "mandar à merda" parte da Humanidade, o poeta e cronista Claudio Schuster nos dá o prazer de seu humor e ironias, em “Vai dar merda”.
Da jovem e pequena Mondrongo da Bahia vem a edição – 2021 - de “Vai dar merda”, livro de crônicas do pelotense, radicado em Florianópolis, Cláudio Schuster.
Sempre admirei quem escrevesse crônicas. Gênero aparentemente fácil ou até menor segundo alguns críticos de Literatura. Mas qualquer gênero é candidato fácil a não sobreviver um ano. Depende do autor, da escrita, do conteúdo, a forma deve confortá-lo; e o conjunto é que dá vida e perenidade a uma obra. Nem a Academia garante isso por si só.
Crônica é saber tratar da vida cotidiana, o fato que (nos) acontece de um jeito; e a questão é deixar com o relato uma marca na memória de quem lê. Pois a boa crônica daqui a um ano se atualiza por si, pela força de sua mensagem.
O autor nos apresenta três dezenas de crônicas em 121 páginas densas.
Cláudio é jornalista e também poeta, dois afazeres nos quais não se desperdiçam palavras, nem se deixam elas soltas e sem sentido.
Dos títulos curtos ao tamanho do texto ele põe sua narrativa ao nosso deleite.
A crônica que dá título ao livro tem 9 linhas. Uma minicrônica. E trata do tempo, do passar do tempo, que regra geral daria um romance. Aqui, é o resumo dos resumos diante da morte que se aproxima.
Crônicas que não forem do nosso dia a dia, das vivências não são crônicas.
E crônica não é só relato. Seria notícia na escrita do jornalista, que o Cláudio é há tempos. Tem que contar algo. Mesmo não sendo “conto”.
Mas além de relatar tem que ter tempero. E em “Vai dar merda” tem humor, ironias. Aqui, a vida pulsa como um jogo: a gente ganha aqui e perde ali. Não tem empate.
Tem muitas coisas a ver com amores e com mulheres que tem vida e perspicácia muitas vezes mais à frente do autor/condutor dos enredos. Seria uma confissão que elas são mais e melhores que os homens?
Vamos encontrar ele com outro Cláudio, o desenhista Cláudio Duarte, que nos brinda com desenhos bem ao estilo "graphic novel", com sacadas que exaltam a sensualidade das mulheres em várias passagens.
Na contracapa vocês encontrarão um recado do jornalista e escritor Xico Sá como reforço a este meu sucinto recado.
Adeli Sell - professor e escritor
