COLUNISTAS


A cultura da falta de incentivo - Andréa Sommer

O Brasil tem imensa diversidade cultural que propicia conhecimento e educação às crianças, jovens, adultos e idosos. Mas assim como a diversidade cultural, somos igualmente grandes quando falamos de desigualdade social e falta de incentivo à cultura, que gera desinteresse das pessoas em conhecer novas artes, tradições e livros.

Pela Constituição, o Estado deve garantir o acesso à cultura para população, além de incentivar e apoiar manifestações culturais. No entanto, o que acontece é o contrário. Usemos como exemplo a Feira do Livro de Porto Alegre que tem como organizadora a Câmara Rio-Grandense do Livro, sempre empenhada em fazer a maior feira a céu aberto do país. Ela busca patrocínios de leis de incentivo, empresas privadas, públicas e órgãos como prefeitura e Câmara de Vereadores de Porto Alegre.

O orçamento é sempre muito apertado, fazendo com que a Câmara do Livro trabalhe sempre no limite das possibilidades e ainda assim, propicie belas palestras, oficinais e a exposição bem organizada das livrarias e editoras. O intuito é ofertar para todo o Estado um evento que facilite o acesso das pessoas a informações, a formação e a leitura.

As escolas como maiores formadoras do caráter cultural do indivíduo têm acesso facilitado ao evento, porém, quem dificulta a Feira é justamente quem mais deveria apoiá-lo.

Nesta semana recebemos a notícia de que a Câmara de Vereadores de Porto Alegre deixará de apoiar com R$ 50 mil o evento, o que ajudaria na cobertura das bancas. É compreensível que estejamos em um ano difícil, mas é incompreensível a falta do apoio, visto que, anualmente a Câmara de Vereadores devolve milhões para a prefeitura, que nem sempre replica os valores em benefício da população. O patrocínio seria uma forma da Câmara devolver à comunidade parte daquilo que ela mesma contribui através de impostos e outras taxas que indiretamente sustentam a estrutura da Câmara.

Torcemos para que a decisão seja revista e a 67ª Feira do Livro possa receber com segurança os visitantes e expositores, afinal ela é muito mais que um espaço de comercialização, ela se consagra a cada ano no seu papel de aproximar leitores e escritores para a construção da cidadania.

 

Andréa Sommer

Jornalista