ARTIGOS


Os cafés do Rio Grande

Havia um tempo em que “café de beira de estrada” ou de cidade interiorana era café de qualidade duvidosa. Fraco, mal passado, adocicado e geralmente requentado eram apenas alguns dos adjetivos que definiam o líquido preto. Quando muito, te ofereciam a alternativa de um “Nescafé”. Certa feita, na BR 386, fissurado por um café e com sono, uma senhora requentou uma xícara no microondas. Educadamente, recusei.

Felizmente, as opções ofertadas estão melhorando a cada dia. Na distante Nonoai, o Restaurante Tropilha tem um expresso que agrada. Subindo para a Serra, em Portão, encontramos o Paradouro Cantina, com um café de grãos selecionados acima da média.

Em Lajeado, no Vale do Taquari, encontramos a única franquia italiana do Café Barbera, local para lá de “supimpa”. Sem esquecer da padaria Suíça, que oferece essa bela bebida negra para ninguém botar defeito. Na vizinha Estrela, em pleno Centro Clínico, temos o Café com Prosa com aquele “cheese cake” para acompanhar spresso bem tirado.

Uma amiga indicou-me o Café Uruguay que quero conhecer em Santa Rosa. Lembro àqueles que forem a Pelotas, é obrigatória a parada no Aquarius. E os mais velhos da Capital vão se lembrar do nosso Rian. Todas excelentes opções para os grandes apreciadores.

Aqui no Estado, toma-se o café puro, o café com leite, o café preto engrossado, o café com leite engrossado e o café de chaleira. O café puro é igual ao café no resto do Brasil. Já o gaúcho dos galpões gosta do “café de chaleira”: bota-se a água a ferver em um recipiente. Sobre a água, põe-se pó de café, puro, mexendo bem. Quando levanta a fervura, coloca-se uma brasa na mistura e há uma precipitação do café, depositando-se a borra no fundo. Então, serve-se o líquido, forte e cheiroso. Tantas opções e o que não me cai bem é parar num local, nestes “paradouros”, e encontrar apenas a indefectível máquina que recebe moeda, com o seu café geralmente queimado, um gosto amargo de qualquer coisa, menos de café.

O café tem sido o maior companheiro do homem durante qualquer processo produtivo e criativo. Pode ser passado, expresso, duplo ou simples, cortado ou pingado. E tem muitos locais que sabem bem receber e oferecer. A Casa do Mel, na BR 386, km 385 em Tabaí, antes do bifurcamento para Santa Cruz, é parada obrigatória. Temos ali o melhor café colonial do Rio Grande do Sul. E se pegar este rumo não deixe de parar na Lisaruth para um café e um apfelstrudel, sem esquecer de levar uma cuca recheada.

E se o caminho for Pelotas, o Restaurante das Cucas é uma parada necessária. Tem muito mais. Estamos no caminho certo, evoluindo na culinária e na gastronomia, com bons cafés passados ou o insubstituível expresso.