Nunca havia lido nosso premiado Tailor Diniz.
Havia decidido que seria ele depois de ter lido e resenhado 'Um guarda-sol na noite", livro de contos do Luiz Filipe Varella.
Já alertado de suas qualidades sou surpreendido pelo domínio técnico do romance policial pelo Tailor Diniz. É um livro dentro do livro, numa metalinguagem moderna palpitante, como são os bons escritores deste gênero, tão raro em nosso país.
Eu me formei em Letras e lá formei um preconceito ao gênero, o que me impediu de muitos textos, de conhecer personagens complexos como comecei a aprender com Edgar Alan Poe com o Barril de Amontilado.
Não encontrei um romancista pesado.Pelo contrário, leve no estilo, na forma, com cortes apropriados, numa ida e vinda ao texto do Joãozinho, origem da arrancada do romance, com a volta do conterrâneo alegretense Jacquet, fui conhecendo Tailor Diniz, craque deste tipo de narrativa.
A gente segue e se pergunta em qual camada do enredo estamos: fato real, o romance do Joãozinho ou o resultado destes com a união dos alegretenses?
Não cabe relatar nem resumir o romance aqui. Mas chamar a atenção sobre a força criada pela história, chegando a denunciar de forma original a caça aos "terroristas" árabes, desmascarando estes procedimentos que beiram ao nazifascismo.
Ressalto que Tailor descreve nosso Centro Histórico e os acontecimentos num realismo incrível que se sobrepõe ao nível da narrativa psicológica das personagens, sem ofuscar a grandeza de suas almas.
A personagem escrota do Secretário de Segurança em sua busca sem princípios nos joga na cara figuras conhecidas de nossa má política.
Mostra também que aquele que parece fraco como o delegado pode não ser. No caso, apesar do senso comum, ele era forte e honesto.
Fica aqui uma resenha de instigação para uma leitura aprazível.
