ARTIGOS


Tumultos dão palco aos fascistas

Eles são fascistas. Eles são uma corja de criminosos. Desde 2013, com as Jornadas de Junho, depois do golpe contra a presidenta, com a eleição de 2018 as esquerdas não entenderam ainda que eles são a escumalha da Humanidade. É hora de aprender com os fatos.

Hitler foi debochado pelo fracasso de seu golpe de 1925, 8 anos depois era o poderoso chanceler alemão.

Eles são mentalmente limitados, mas tem a incrível capacidade de decidir que querem ser assim para conquistar os desatentos, os ingênuos e enganar os que se acham sábios.

O fascismo eterno é assim, já nos ensinou Umberto Eco.

É hora de aprender com Hannah Arendt como se gera a Banalidade do Mal. Esta não é uma engenharia elaborada, ela vem das crises, das fragilidades dos espaços democráticos e das fraquezas da economia de mercado, que só tem condições de abastecer aos que já tem muito. Não há lugar para os pobres, os desvalidos, desempregados; e é disto que esta gentalha se nutre.

O uso da suástica ou qualquer símbolo nazista em quaisquer circunstâncias e espaços é crime. Não há lugar para outra posição. Está na Lei.

Na Câmara, o presidente deveria ter dado voz de prisão à pessoa; e a segurança parlamentar instada a levar a pessoa à Delegacia. Ponto. Não tem outra posição. Está na Lei.

Jornalistas fazem cobertura das sessões da Câmara. Ponto final. Não pode qualquer um que se diz "blogueiro", que se diz jornalista, entrar. Urge que voltemos a ter critérios, pois estamos sob o império dos descritérios.

Vereadores são tratados com o nominativo de "nobre", isto é, alguém que tem qualidades de elevado espírito, logo não pode se rebaixar aos pés de meia dúzia de provocadores. Responder a um provocador é se colocar junto a ele, e os vereadores são a representação da sociedade, do zelo das leis, das regras, das condutas. "Como conversar com um fascista" de Márcia Tiburi pode nos dar alguns caminhos.

Agressão não se responde com outra, ademais a física; a gente deve identificar o criminoso e ir fazer um BO.

Até o momento, a reação tem sido do tipo: eles falaram isto, está gravado. Denúncias formalizadas são o primeiro passado. No entanto, não adianta estourar as redes sociais com vídeos, fotos e falas. É preciso ir além. É preciso fazer movimentos articulados que vão desde o BO, busca do Ministério Público que cuida dos Direitos Humanos, instituições nacionais e internacionais de Direitos Humanos e de combate ao racismo. Ou seja, ir às últimas consequências a partir deste episódio, sem dar mais palco aos fascistas. Fascistas vivem de ações teatralizadas, de mau gosto, indignas.

Nosso lugar, o lugar dos democratas e lutadores pela dignidade da pessoa humana é noutro espaço.

 

Adeli Sell, professor, ex-vereador, escritor

 

Foto: Elson Sempé Pedroso / CMPA / Divulgação