ARTIGOS


Outros olhares

(Homenagem à jornalista Santa Irene Lopes Araújo que nos deixou)

 

Nesta  Semana  da Mulher é imperioso olhar além do ramo de flores. 

Quando vemos todos os dias mulheres partindo assassinadas em pleno século XXI por seus maridos,  é exigido de nós  um brado mais retumbante. 

Quando mulheres morrem de doenças que poderiam ter sido curadas, mas falrou atendimento, é preciso gritar mais alto.

Quando mães  não  conseguem creches,  nao basta falar de dupla ou tripla jornada, é preciso peitar o prefeito. 

É bom ver a Globo - louvo  - com Suas Vozes Femininas abrir o microfone e o video para negras. Mas que tenha isto e mais o ano todo  

Vocês  verão postagens, declarações e corações e algumas flores. 

Tudo bem.

Só quero lembrar que é preciso preparar para 2022 os 90 anos do voto feminino.

Queria que houvesse uma LIVE sobre a vida de Luciana de Abreu.

Queria que se discutisse a luta das mulheres do passsado para se formarem médicas,  como o Rita Lobato.

Queria um debate, uma mesa redonda,  para debater as poucas denominações femininas de ruas em Porto Alegre.

Por que temos 50 nomes de ruas com a nominacao de Dona e nenhuma com o equivalente masculino Seu?

Por que se ouve tão pouco as modinhas de Chiquinha Gonzaga?

Onde estão as mulheres da Revolução Farroupilha?

Na Semana da Mulher tem que ter espaço para tal, porque na Semana Farroupilha o machismo ainda impera. 

Quando o movimento sindical no 8 de março fará uma homenagem a Julieta Battistioli?

Em qual 8 de março o Cpers vai falar do papel da Teresa Noronha , da Zilah Totta e da Julieta Balestro?

Em qual 8 de março a OAB resgatará a história das primeiras advogadas?

Vou parar aqui.

Já cansaram?

Perceberam que estamos diante de alguns problemas. 

Será que corações no Facebook e no Instagram é festejar o Dia Internacional da mulher?


Adeli Sell é bacharel em direito e escritor