COLUNISTAS

Em decisão que contrariou todo e qualquer bom senso, o prefeito de Porto Alegre, Nelson Marchezan Júnior (PSDB/RS) anunciou em reunião virtual, no último dia 31, que Porto Alegre voltará a ter partidas de futebol normalmente.

Em comunicado à Federação Gaúcha de Futebol (FGF), o prefeito anunciou sua decisão de autorizar os jogos de futebol nos estádios da Capital.

Com isso, de agora em diante, salvo uma reavaliação sobre a absurda decisão, a Arena e Beira-Rio poderão sediar as semifinais do segundo turno do Gauchão.

Neste domingo (2), às 16h, o Inter enfrentou no Beira-Rio o Esportivo.
Já o Grêmio recebeu em seu estádio às 19h o Novo Hamburgo.  

O que levou o prefeito a tomar uma decisão que caminha de mãos dadas com a morte, porque passa a falsa impressão de normalidade para a população?

O que levou o prefeito de nossa cidade a engrossar o coro dos negacionistas que, assim como o presidente, aliás o presidente por quem Marchezan nutre simpatia política, negam a Ciência, e com seus atos estimulam a população a minimizar todos os esforços feitos no sentido de que se diminua o número de mortes e de infectados através do isolamento social?

Eu não vejo outra razão para tamanha desfaçatez e desrespeito para com a vida além de pressão dos Meios de Comunicação comerciais que, sabemos, são apoiadores de Marchezan e fazem muitas vezes o papel de assessoria de imprensa ad hoc para a Prefeitura de Porto Alegre.

Assessoria de Imprensa paga. As verbas publicitárias destinadas aos tais veículos falam por si.

Os números seguem estarrecedores.

O Ministério da Saúde informou neste domingo (2) que o Brasil superou as 94 mil mortes por covid-19.

Isso fora as subnotificações.
É muito maior o número de pessoas vitimadas pelo Coronavírus, estejamos certos disso.

Com as 541 registradas nas últimas 24 horas, o País somou 94.104 vítimas fatais desde o início da pandemia.
O Rio Grande do Sul registrou 27 óbitos e 702 novos casos de covid-19 nas últimas 24 horas.

Em Porto Alegre, palco dos dois jogos de futebol realizados no domingo, e irresponsavelmente autorizados pelo prefeito, 9 pessoas perderam suas vidas.

Eu reitero a pergunta que dá nome à esse artigo.

O futebol e a economia são de fatos mais importantes que a vida?

Fique em casa, minha amiga e meu amigo.
Nada é mais importante que a sua vida.

Daqui a duas semanas veremos os reflexos da decisão tresloucada do prefeito Nelson Marchezan.

Que eu esteja errado.
E que a sorte esteja ao lado daqueles que possam ter sido contaminados pela decisão insensata do mandatário da Prefeitura de nossa cidade, a quem eu responsabilizo diretamente por todos os casos de contaminação que surgirão, decorrentes das aglomerações causadas em função desses dois jogos.

Desnecessários, Marchezan! 

"Triste Porto Alegre! ó quão dessemelhante
Estás e estou do nosso antigo estado!
Pobre te vejo a ti, tu a mi empenhado,
Rica te vejo eu já, tu a mi abundante.

A ti tocou-te a máquina mercante,
Que em tua larga barra tem entrado,
A mim foi-me trocando, e tem trocado,
Tanto negócio e tanto negociante." 

Triste Bahia - Gregório de Matos, sob licença poética minha

Diógenes Júnior é escritor, técnico em Informática e acadêmico em História. Paulistano de nascimento, caiçara de coração e porto alegrense por opção, escreve para essa coluna semanalmente.