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Diógenes Júnior - Introdução à Economia Solidária - cooperar para resistir!

Em tempos de pandemia, uma das palavras que mais se ouve e se lê ultimamente é a palavra "resistência", seguida também da palavra "economia".

Através de uma série de três artigos, gostaria de mostrar para você, caro leitor, que as palavras "resistência" e "economia" podem caminhar de mãos dadas com uma maneira diferente de pensamento e de luta pela sobrevivência.

A Economia Solidária é um jeito diferente de produzir, vender, comprar e até mesmo trocar tudo aquilo que precisamos para viver.

Sem explorar ninguém, sem querer levar vantagem, sem destruir o Meio Ambiente, é possível resistir e viver.

Mesmo em tempos de pandemia.

Através da cooperação, fortalecendo-nos uns aos outros de uma maneira fraterna, com cada um pensando no bem de todos, embora também buscando seu próprio bem.

A Economia Solidária foi apresentada como resposta às consequências extremamente nocivas do Capitalismo, que geraram concentração de renda e, na direção contrária,  extrema pobreza.

O movimento surgiu na Inglaterra, em meados do século XIX,  tendo chegado ao Brasil no final do século XX, e se tornado bastante relevante em meados dos anos 80.

A Economia Solidária se revelou como uma alternativa inovadora, e extremamente eficaz, na geração de trabalho, e principalmente na inclusão social.

De certa forma a Economia Solidária nada mais é do que uma espécie de "corrente do bem", que integra quem produz, quem vende, quem troca e quem comercializa mercadorias e serviços.

Seus pilares básicos são autogestão, democracia, solidariedade, cooperação, respeito ao Meio Ambiente, comércio justo e consumo solidário.

Vamos conhecer um pouquinho mais sobre os processos que orientam a Economia Solidária?

Vamos por partes:

- Autogestão
É a organização do empreendimento coletivo em que se combinam a cooperação do conjunto dos trabalhadores envolvidos nas atividades produtivas, serviços e administração, com o poder de decisão sobre todas as questões relativas ao negócio e ao relacionamento social das pessoas direta e indiretamente  ligadas ao processo como um todo.

- Solidariedade
É um estado de espírito, um conceito de bondade e compreensão para com o próximo.
É um sentimento, uma união de simpatias, interesses ou propósitos entre os membros de um determinado grupo, entre os membros de uma sociedade.

- Cooperação
Segundo o dicionário Houaiss, a palavra "cooperação" significa "operar juntamente com alguém; contribuir ajudando, auxiliando outras pessoas.
A palavra 'cooperar' vem do latim cooperare, cooperari.
- Respeito ao Meio Ambiente
Numa sociedade cada vez mais voltada ao consumo desenfreado, a degradação e destruição do Meio Ambiente tem lugar de destaque nas cadeias produtivas.
O desrespeito ao Meio Ambiente é fruto das relações comerciais que têm no lucro um fim em si mesmo, e apenas o lucro como objetivo.
A Economia Solidária corre na direção contrária dessa prática.
Logo, o respeito ao Meio Ambiente é pilar fundamental para quem deseja  produzir, vender,  trocar e comercializar mercadorias e serviços de maneira solidária.

- Comércio justo
A Economia Solidária vê na também na justiça sua razão de ser.
Não nos interessa produzir uma mercadoria para comercializá-la de maneira a obter um lucro além do justo, sempre tendo como objetivo fundamental que o máximo de pessoas possa ser beneficiada através desse comércio.

- Consumo Solidário
De uma maneira geral, consumo solidário significa consumir bens, mercadorias e serviços que atendam as necessidades e anseios do consumidor, respeitando limites que observem o preservação do Meio Ambiente e a construção de uma sociedade voltada para a busca da Justiça comum entre seus semelhantes.

Apresentados esses conceitos, no próximo artigo vamos conhecer sobre como podemos colocá-los em prática.

VIVA A ECONOMIA SOLIDÁRIA!


Diógenes Júnior é escritor, técnico em Informática e acadêmico em História. Paulistano de nascimento, caiçara de coração e porto alegrense por opção, escreve para essa coluna semanalmente.