Adeli Sell
Sarandi é verde. Verde forte. Árvore que cresce em lugares secos e até mais em sítios molhados.
É comum por aqui. É nome de um Bairro e de um riacho, em Porto Alegre. Denomina uma cidade do Rio Grande do Sul. É uma avenida em Rivera.
Em Porto Alegre, bairro operário e de tradição trabalhista, hoje está irrespirável.
A lama deixada por trinta dias de águas turbulentas é preta e fede. Folhagens verdes se misturam a tudo que as águas demoliram.
Logo, falar de tradição e política é chamar briga, pois escutei que só esperavam o prefeito aparecer.
Fiz meu trabalho de ajuda como venho fazendo sempre, sem alardes. Na catástrofe ou fora dela.
Alguns me reconheceram ao circular. Outros me localizaram no grupo de WhatsApp. Diante do quadro de abandono, ainda no carro, redigi um ofício, com todas as letras, ao prefeito para que as máquinas e os caminhões apareçam para tirar os entulhos e lixo.
Que não se repita o tempo e o desdém como foi com a água, mais de trinta dias de dor e penúria.
Não xingo nem provoco. Não é meu feitio.
Mas não me calo nem me rendo.
Já peleamos em 2013 quando estava fora da Câmara, quando o dique castigou 920 famílias.
Agora, uso minha História e minha força de vereador para defender o povo no Sarandi. Não mais um Bairro de verdes praças, mas de um povo enlameado, limpando casas e comércios com o suor escorrendo.
Depois que tudo tiver passado e consigamos, unidos, reconstruir o Sarandi, vamos plantar um Sarandi em cada uma de suas praças.
Adeli Sell é professor, escritor, bacharel em Direito e vereador