Adeli Sell
Na modernidade líquida, tudo que é sólido desmancha no ar. Havia quem pensasse que a atual gestão ganhara o coração e mentes dos habitantes da capital.
As dúvidas foram surgindo e se acumulando, criando um peso de desbarrancar montanha.
Foi a venda da sesquicentenária Carris por alguns pilas.
Foi a destruição do Parque Harmonia.
Foi carregar gente de ônibus em pleitos populares.
Foi o contrato do lixo e seus podres contêineres.
Foi o rolo da Educação, com material estocado, pagando aluguel milionário.
Foi, agora, mais uma vez, o despreparo para um infortúnio anunciado.
O governo que diz fazer uma gestão de resultados mostrou que não tem governança qualquer. Sucumbiu à privatizada Equatorial, com suas demoras criminosas no passado e, agora, não há palavra que possa adjetivá-la.
Nos momentos de navio à deriva, neste mundo nada sólido, os ratos começam a pular fora do lado de lá.
Há uma tentativa de lançar o bote da CPI para ter apenas a Equatorial na alça de mira; porém, não vamos dormir de touca no verão. Nós vamos mostrar o liame que une privatistas, gestores sem governança, com o peso da balança sempre para o lado dos especuladores das terras que faltam ao povo. Vamos contrabalançar este jogo desde o primeiro dia, para vencer, sem prorrogação.
Sabemos em que terreno estamos pisando. “Ousar é perder o equilíbrio momentaneamente. Não ousar é perder-se”, nos ensina Soren Kierkegaard.
A existência sem ousadia, sem coragem é jogo perdido.
Nós estamos, aqui, para ganhar a cidade de volta para as pessoas.
Nós escutamos as vozes das ruas, os choros das pessoas, o grito dos excluídos.
Adeli Sell é professor, escritor, bacharel em Direito e vereador pelo PT em Porto Alegre