ARTIGOS


Bolsonarismo — uma pandemia zumbi

Um apocalipse zumbi se instalou juntamente com a epidemia do Corona vírus no país.

Em alguns pacientes a doença se manifestou espontaneamente, pois já traziam em seus organismos o vírus do ódio, que é o vetor da gravíssima doença chamada bolsonarismo.

Outros foram adoecendo paulatinamente, expostos diariamente à mentiras, propagadas por uma mídia suja que desde sempre foi portadora e transmissora (sic) do vírus bolsonaro, porém de mutações anteriores.

Os infectados foram bebendo, sem perceber, um veneno que vai matando aos poucos, e acaba por transformar em zumbi quem dele sorve: o antipetismo.

Já em outros casos o vírus do bolsonarismo foi introjetado através da falácia da “nova política”, ou “contra tudo que está aí”.

N. do A: política é política desde os tempos de Aristóteles. Não existe “nova política”. Existe sim política com maior, menor ou nenhuma participação da população.

O vírus do bolsonarismo, se não for erradicado de seus hospedeiros, levará a sociedade a ser eliminada de toda e qualquer participação nas decisões que lhe afetam.

A esse estágio da doença se dá o nome de ditadura escancarada.

Em outros casos verificou-se que os infectados foram contaminados porque se recusaram a tomar a vacina, que se apresentava em gotas de informação, ou em colheres das de chá de xarope de bom senso.

Outros adoentados se contaminaram pela omissão, achando que o vírus jamais os alcançaria, menos ainda algum zumbi que lhes pudesse morder, posto que estavam bem protegidos, supunham, em sua condição de classe média remediada.

Em todos os casos relatados o doente fatalmente se transforma em zumbi, vagando pelas redes sociais gritando “fora PT”, “deixa o homem trabalhar” “mito, mito”, “bandido bom é bandido morto”, “o Lula tá preso, babaca” e “a nossa bandeira jamais será vermelha”.

Citando anomalias visuais relativas à cores, um dos aspectos da doença é que o doente jaz acometido de uma espécie de binarismo coLLorido.

Tudo para ele se torna verde e amarelo, e o vermelho lhe causa ira, transtorno psicótico e delírios persecutórios.

Ao avistar a cor vermelha, o doente passa a ter espasmos, espumar pela boca, se torna violento e balbucia incessantemente as palavras “comunistas”, “Venezuela”, “Cuba”.

Em alguns casos, mais agudos e raros, gritam também “Coreia do Norte” e as vezes até mesmo “Nova Iorque”.

Um detalhe interessante é que o vermelho que faz parte da bandeira dos Estados Unidos não os afeta, e a reação dos zumbis, diante do vermelho do sangue dos pretos e pobres e das minorias, sangue derramado nas ruas das periferias, é um misto de alegria e euforia.

Outra característica dos acometidos pela doença é uma fixação pela palavra “privatização”.

O vírus causa um desejo irresistível, uma compulsão em apoiar a venda de tudo aquilo que é público, evidentemente desde que não lhe afete diretamente.

Não há relatos de nenhum infectado pedindo pela privatização das polícias militares, por exemplo.

Até porque essas corporações os protegem, já que são formadas em sua maioria por seus pares, zumbis iguais.

Especialistas, estudiosos e uma parcela da população que não está infectada pelo vírus apontam para a única solução capaz de salvar a população atacada pelo vírus causador do bolsonarismo.

ELIMINAR O VERME BOLSONARO DA VIDA POLÍTICA DO PAÍS

 

 


Diógenes Júnior é escritor, técnico em Informática e acadêmico em História. Paulistano de nascimento, caiçara de coração e porto alegrense por opção, escreve para essa coluna às segundas-feiras.