ARTIGOS


O que foi e o que é Porto Alegre

Adeli Sell

 

         Quem não refletir sobre o passado e não atualizar a visão do presente não alcançará o futuro.

         Estamos falando de política.

         Hoje, vou adentrar um pouco na política partidária.

         O cronista Sérgio Jockymann é autor de um memorável artigo sobre o passado de Porto Alegre onde fala da capital dos anos 1940 como a Belle Époque que se vira antes em Partis.

         Porto Alegre é a capital da Legalidade, da resistência aos golpistas de 1961, destacando-se a figura do governador Leonel Brizola.

         Porto Alegre foi a capital da participação popular, do Orçamento Participativo, dos quatro governos do Partido dos Trabalhadores, do Fórum Social Mundial.

         Depois dos governos petistas temos uma carreira de cinco governos que pouco ou nada valorizam as ações que vem do povo, da periferia. Tivemos um que deu totalmente ás costas ao povo.

         Agora, temos o ápice do mandonismo do capital imobiliário.

         Secretarias viraram escritórios para despachar os interesses dos ricos, com nenhuma preocupação social.

         Não bastasse isso tudo, temos denúncias graves de corrupção.

         O atual governo MDB-PL, mesmo com a desfiliação de seu vice do partido do bolsonarismo, mantém a essência.

         A atual gestão que subsumiu à má gestão da Equatorial - empresa que assumiu a energia elétrica na capital - deixando a cidade sem luz e sem água por dias.

         A cidade está abandonada, com lixo espalhado por todos os cantos, com calçadas quebradas, ruas detonadas, com transporte coletivo precaríssimo, piorando a cada dia, ainda mais depois da privatização da centenária Carris, empresa pública.  É a gestão que tenta privatizar tudo.

         O governo tenta se manter nesta corda bamba, propondo um governo amplo; porém como o prefeito (MDB) anda às turras com o governador (PSDB), os tucanos ameaçam lançar uma candidatura, podendo ser o vice-governador da gestão passada.

         Pelo centro, o PDT enfraquecido, o PSB, mais do que enfraquecido tentam juntar outros partidos, por uma opção de “dentro”.

         O PT conseguiu alinhamento de sua Federação (PT-PCdoB-PV) com o PSOL (e sua federação que inclui a Rede).

         Assim, pela real oposição, pela esquerda vem a candidatura de duas mulheres (a deputada federal Maria do Rosário) e a líder comunitária, negra, Tamyres.

         É uma chapa de ousadia para este momento em que não se pode ter uma posição morna ou insossa.

         Se a chapa galvanizada pelo PT conseguir emular os movimentos sociais, a base sindical, a juventude, com os setores médios desgarrados do conservadorismo, estará na disputa, também pelo tremendo desgaste do atual governo e seus aliançados.

 

Adeli Sell é professor, escritor, bacharel em Direito e vereador do PT.