Lúcia Bins Ely: Psicanalista. Fomos colegas no Curso de Letras. Parecia e ainda parece tímida, mas é uma potência nas palavras de suas poesias.
É da Escola de Psicanálise e Poesia Grupo Cero. Tradutora. Tanto que domina línguas que há neste seu SOMBRA E LUZ poemas em espanhol.
Participou de coletâneas, e este é seu primeiro livro solo, de 2011, em sua primeira edição. Que venham outras.
Tem uma linda capa e desenhos internos de Miguel Oscar Menassa.
Além dos seus poemas somos premiados com um Prólogo do grande poeta Armindo Trevisan.
Ele chama nossa atenção para o fazer poético e da resistência que as pessoa oferecem à poesia.
Capta as nuances, as profundezas e tessituras dos poemas de Lúcia. Como ele mesmo diz: Lúcia provém de lux, que significa luz.
Lucia é luz tanto que a segunda parte do livro é luz, tem muita simbologia, tem rasgos de poesia (quase) simbolista quando escreve:
“Sabem seres soantes
Vibrantes
Sibilantes
Esfoliantes.”
Na parte I, Sombras, vai construindo poemas com a repetição da palavra MORTE. Como no título esta eterna oposição vida/luz X morte/sombras. E são as luzes que fazem existir sombras.
Lúcia vai criando OPOSIÇÕES o tempo todo:
"Ar no mar
A dor que queima
E um algodão doce
Voa no céu do parque.
“mistura violência e candura”
Ou
“as bocas morrem sorrindo”
vida sobre a morte
morte sobrevinda
Ainda
a morte
dá compasso
dá vida"
Lúcia faz citações de autores ou dedica poemas, como d Lobo da Costa, autor de Sombras e Sonhos; William Blake o grande poeta inglês que enxergava o que muitos se negavam a ver; Vladmir Maiakovski tão revolucionário que os stalinistas o mataram; Walt Whitman o pai do verso livre, entre outros.
O livro mereceria um olhar mais aguçado do que uma leitura de puro deleite como fiz, para explorar todas as leituras da escrita.
Marcella Villavella é a responsável pela organização. Esta argentina que circula entre Buenos Aires e Porto Alegre, colega psicanalista e poeta é citada de forma curta e lírica na abertura de poemas.
A revisão foi feita por Eliane Marques, aquela poeta que ando lendo, mas ainda não me deu coragem de falar dela, mas falarei em breve.
É hora de um debate maior sobre a poesia feminina da atualidade que está caminhando a largos passos com nossas romancistas, contistas e cronistas.
A força feminina está falando algo com um sotaque especial nos pampas, que suas palavras vibrem como o Minuano.