ARTIGOS


Meio Ambiente em Porto Alegre

Adeli Sell*

 

        Uma das pautas prioritárias das eleições na capital rio-grandense será o tema ambiental. Os debates sobre o clima e a sustentabilidade vão permear as conversas. Vão sair cards e vídeos com o lixo espalhado por todos os cantos. Mas isso por si só não resolve. E para o atual titular do Paço Municipal este não será um tema fácil.

 

O RIO E A CIDADE

         Atualmente, sabe-se que tecnicamente o Guaíba é um lago, mas todos teimamos em falar do nosso rio. Eu falo da beira do rio, como sempre denominamos este trecho às margens do lago/rio.

         E a pergunta é: quem invadiu quem? Falou-se muito que o rio invadiu a cidade. Mas, na verdade, foi a cidade que invadiu o leito do seu espelho de água, com os inúmeros e vastos aterros.

         Adentramos o rio e queremos que ele nos respeite contra a sua própria natureza.

         “Do rio que tudo arrasta se diz que é violento. Mas ninguém diz violentas as margens que o comprimem”, já nos ensinara Bertold Brecht.

         Porto Alegre aprendeu na marra, com as enchentes, com 1941 e com as recentes.

 

A PRIMEIRA SECRETARIA DE MEIO AMBIENTE

         A Secretaria Municipal do Meio Ambiente, Urbanismo e Sustentabilidade, hoje SMAMUS, era conhecida como SMAM.

         Foi criada pelo prefeito Guilherme Socias Villela em 1976. Foi a primeira Secretaria do Meio Ambiente do país.

         Foi um exemplo de instituição pública, servindo de parâmetro para a criação de outras pelo país afora.

         Esculhambada pela gestão do prefeito Nelson Marchezan, piorada na atual gestão de Sebastião Melo, não passa de uma central de despachos de licenças, muitas vezes duvidosas, contrastando com sua história.

 

EM TEMPO DE ‘ESG'

         Pode até haver muito marketing fajuto esta badalada sigla (ESG), porém aqui na capital dos rio-grandenses estes conceitos são ficção.

 

CIDADE ARBORIZADA

         Porto Alegre sempre teve a fama de capital mais arborizada do Brasil. Pode ter sido, pode até ainda ser. Porém, as devastações de árvores, conhecida aqui como “arboricídio”, são gritantes.

         As podas, no geral, são criminosas, em conluio com a companhia de energia elétrica.

         É um dos temas abordados na CPI DA EQUATORIAL, empresa que substitui a CEEE, num processo insano de privatização.

         Já em Medelin, na Colômbia, existe outra mentalidade, como são os corredores de arborização urbana, que reduzem a temperatura das cidades.

         Mesmo no Rio, acaba de ser constituído um programa para diminuir o calor das favelas com arborização adequada.

 

PLANO DIRETOR DE ARBORIZAÇÃO URBANA

         Com base na Resolução do Conselho Municipal do Meio Ambiente, constituiu-se um “plano” construído pela papisa da arborização do país, a sempre lembrada, Maria do Carmo Sanchotene. Agora, como vereador propus sua transformação em Lei.

 

QUESTÃO DE MEMÓRIA

         Se não ficarmos todo o tempo lembrando que fomos a primeira capital a ter uma Secretaria específica, que a Agapan foi a primeira entidade ambiental fundada por aqui, os destruidores do ambiente vão se sentido donos da cidade, com sua selva de pedras, com temperaturas insuportáveis, mas com suas burras cheio de reais.

         Na luta pela Memória, o ambiente tem que estar presente.

 

ADELI SELL é professor, escritor, bacharel em Direito, vereador do PT-POA.