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“O MEIO É A MENSAGEM” – A INSENSATEZ NA FILOSOFIA DE McLUHAN

Vocês se lembram do badalado e incensado filósofo da comunicação, o canadense Marshall McLuhan (1911-80)?

Lembram-se da ideia de aldeia global? Sim, era ele. E nisto estava certo.

Falam que teria antevisto a Internet bem antes de ela ser real.

 Mas o “meio é a mensagem”? Uma comunicação independente de seu conteúdo? Não seria uma forma disfarçada de obscurantismo? Este modismo, esta fúria de mensagem, de mídia, de marketing não nos levou a este estágio selvagem dos dias de hoje?

Há dias escrevi um mini ensaio Sobre a Insensatez: - http://adelisell.com.br/artigo/121-ensaio-sobre-a-insensatez

Houve quem tenha achado a palavra “light” demais. Mas saliento que o insensato não reflete, portanto incapaz de se colocar na relação pessoa-pessoa, num diálogo, sem qualquer chance de empatia. E isto é uma crueldade, leva ao obscurantismo, leva à violência, ao medo, impõe a Banalidade do Mal.

McLuhan e os seus pioradores de não pensar, da desgraça da insensatez, da negação da razão, da reflexão advogam a tese que é preciso se ajustar ao inevitável.

Não, não e não.

Hobbes em seu Leviatã já nos dizia que no estado de natureza os homens podem todas as coisas e, para tanto, utilizam-se de todos os meios para atingi-las. Diante deste “pode tudo”, do caos das guerras e da violência propôs a necessidade de uma instituição política e jurídica. Nasce dali o Estado Absolutista. Melhor este do que a matança, se a gente pode chegar a ser claro e vulgar.

O empirismo racionalista de Hobbes no século XVI-XVII questionava o caos, o qual McLuhan quer repor no século XX.

A razão nos obriga a concordar com Karl Marx que nos ensinou que a história se repete, a primeira vez como tragédia e a segunda como farsa.

Creio que com McLuhan é a mais dura e pura farsa: a insensatez, a negação da razão, a negação da reflexão.

 

 

Adeli Sell é escritor e consultor, bacharel em Direito.